segunda-feira, 18 de novembro de 2013

casamento

Duas horas da madrugada. A forte luz da cozinha fere meus olhos. Uma garrafa de vinho pela metade e uma taça cheia na mesa à minha frente. Esse silêncio me assusta. Eu deveria estar feliz, certo? Quando fecho meus olhos posso te ver, ajoelhado e dizendo coisas maravilhosas, e aquela caixinha preta em suas mãos. Agora está aqui. Pequena. Aveludada. Como algo tão pequeno pode significar algo tão grande? Encarando-a, bebo mais um gole. Não estou bêbada o suficiente. Talvez nunca esteja. Toda mulher espera por esse dia, sonha e faz milhões de planos. Eu fiz. É absolutamente normal que esse dia chegue eventualmente na vida de um casal. É os felizes para sempre. Porque eu não estava me sentindo feliz? Os homens têm a fama de nunca querer se casar, então porque eles que fazem o pedido? Eles esperam até estarem prontos e simplesmente pegam a mulher de surpresa, esperando logo que ela diga o grande “sim”. Não se preocupam se ela pode estar pronta ou não para dar um grande passo como esse. Os homens, e algumas mulheres também, acreditam que todas elas já nasceram prontas para isso. A questão é que algumas delas não são assim, sabe talvez atualmente esse não seja o objetivo de vida da mulher moderna. Pelo menos não é o meu objetivo de vida. Não que eu tenha descartado completamente essa possibilidade, apenas não me sinto confortável com a ideia de que eu precise me casar para provar que realmente amo alguém. Como se minha palavra mão fosse o bastante, eu preciso de um certificado para que acreditem em mim. A garrafa está quase vazia e eu ainda não tenho uma resposta. Se dizer sim prova que eu o amo, então dizer não prova o contrário? É assim que funciona? Mundo injusto. Pedido injusto. Colocar uma relação inteira nas mãos de uma só pessoa. Talvez seja esse o meu problema. Talvez eu não queira colocar a minha felicidade nas mãos de uma só pessoa. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Hoje eu parei pra pensar em ‘o que eu faria pra te ver feliz’. Parei, por algumas horas, de me preocupar com os meus sonhos e minhas frustrações e resolvi pensar em você. Não do jeito que eu penso todos os dias, bolando encontros e esbarradas, sorrisos e carícias, desejando novamente tudo o que se foi. Dessa vez foi diferente. Decidi colocar em pauta as suas necessidades, e não as minhas, o seu sorriso e bem-estar.  Admito que não gostei do resultado. De acordo com as minhas anotações, eu não te faço o bem que você me faz. Eu não tiro mais sorrisos dos seus lábios, não sou eu que você procura quando está triste, ou zangado, ou feliz. Meu abraço não tem mais aquele conforto de alguns meses atrás. E eu não consigo mais te fazer bem se eu já não faço parte da sua vida. E não adianta eu correr atrás, tentar recuperar o que tínhamos porque, agora eu posso ver você caminhando pra alguém que poderá te oferecer aquilo que eu não pude, mesmo querendo. É difícil reconhecer que outra pessoa te faz feliz. Depois de analisar os fatos por alguns minutos, cheguei a conclusão de que eu preciso parar de viver no passado e finalmente te deixar ir. Mesmo que isso me machuque, é por um bem maior. Porque eu só quero te ver feliz. Ainda que seja de longe. Ainda que seja com ela.
 

sábado, 2 de novembro de 2013

12:00h, o sol exatamente no centro do céu. Céu azul, quase sem nuvens, um dia realmente lindo, com tudo pra dar certo. Uma olhada rápida no celular. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação perdida. Não que eu estivesse esperando alguém me ligar, ou se importar. Depois de verificar o telefone pela décima quinta vez, o aparelho toca. Uma mensagem e o coração acelera, e para no segundo seguinte. O nome na tela não era o seu. Aquelas palavras não fora você que escreveu. Esperar o dia inteiro por um sinal me consome. E dói. Mas eu espero. Como se você se importasse. Tantas perguntas vagam na minha cabeça, tantos ‘porquês’. Porque você não se importa mais? Porque eu ainda me importo? Porquê o tempo está acabando tão rápido?