Duas horas da madrugada. A forte luz da cozinha fere meus
olhos. Uma garrafa de vinho pela metade e uma taça cheia na mesa à minha
frente. Esse silêncio me assusta. Eu deveria estar feliz, certo? Quando fecho
meus olhos posso te ver, ajoelhado e dizendo coisas maravilhosas, e aquela
caixinha preta em suas mãos. Agora está aqui. Pequena. Aveludada. Como algo tão
pequeno pode significar algo tão grande? Encarando-a, bebo mais um gole. Não
estou bêbada o suficiente. Talvez nunca esteja. Toda mulher espera por esse
dia, sonha e faz milhões de planos. Eu fiz. É absolutamente normal que esse dia
chegue eventualmente na vida de um casal. É os felizes para sempre. Porque eu
não estava me sentindo feliz? Os homens têm a fama de nunca querer se casar,
então porque eles que fazem o pedido? Eles esperam até estarem prontos e
simplesmente pegam a mulher de surpresa, esperando logo que ela diga o grande
“sim”. Não se preocupam se ela pode estar pronta ou não para dar um grande
passo como esse. Os homens, e algumas mulheres também, acreditam que todas elas
já nasceram prontas para isso. A questão é que algumas delas não são assim, sabe
talvez atualmente esse não seja o objetivo de vida da mulher moderna. Pelo
menos não é o meu objetivo de vida. Não que eu tenha descartado completamente
essa possibilidade, apenas não me sinto confortável com a ideia de que eu
precise me casar para provar que realmente amo alguém. Como se minha palavra
mão fosse o bastante, eu preciso de um certificado para que acreditem em mim. A
garrafa está quase vazia e eu ainda não tenho uma resposta. Se dizer sim prova
que eu o amo, então dizer não prova o contrário? É assim que funciona? Mundo
injusto. Pedido injusto. Colocar uma relação inteira nas mãos de uma só pessoa.
Talvez seja esse o meu problema. Talvez eu não queira colocar a minha
felicidade nas mãos de uma só pessoa.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Hoje eu parei pra pensar em ‘o que eu faria pra te
ver feliz’. Parei, por algumas horas, de me preocupar com os meus sonhos e
minhas frustrações
e resolvi pensar em você.
Não do jeito que eu
penso todos os dias, bolando encontros e esbarradas, sorrisos e carícias, desejando
novamente tudo o que se foi. Dessa vez foi diferente. Decidi colocar em pauta
as suas necessidades, e não
as minhas, o seu sorriso e bem-estar. Admito que não gostei do resultado. De acordo com as
minhas anotações,
eu não te faço o bem que você me faz. Eu não tiro mais sorrisos
dos seus lábios,
não sou eu que você procura quando está triste, ou zangado,
ou feliz. Meu abraço
não tem mais aquele
conforto de alguns meses atrás.
E eu não consigo mais te
fazer bem se eu já
não faço parte da sua vida. E
não adianta eu correr
atrás, tentar recuperar o
que tínhamos porque, agora
eu posso ver você
caminhando pra alguém
que poderá
te oferecer aquilo que eu não
pude, mesmo querendo. É
difícil reconhecer que
outra pessoa te faz feliz. Depois de analisar os fatos por alguns minutos, cheguei
a conclusão
de que eu preciso parar de viver no passado e finalmente te deixar ir. Mesmo que
isso me machuque, é
por um bem maior. Porque eu só
quero te ver feliz. Ainda que seja de longe. Ainda que seja com ela.
sábado, 2 de novembro de 2013
12:00h, o sol exatamente no centro do céu. Céu azul, quase
sem nuvens, um dia realmente lindo, com tudo pra dar certo. Uma olhada rápida
no celular. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação perdida. Não que eu estivesse
esperando alguém me ligar, ou se importar. Depois de verificar o telefone pela
décima quinta vez, o aparelho toca. Uma mensagem e o coração acelera, e para no
segundo seguinte. O nome na tela não era o seu. Aquelas palavras não fora você que
escreveu. Esperar o dia inteiro por um sinal me consome. E dói. Mas eu espero.
Como se você se importasse. Tantas perguntas vagam na minha cabeça, tantos ‘porquês’.
Porque você não se importa mais? Porque eu ainda me importo? Porquê o tempo
está acabando tão rápido?
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